A sociedade como a conhecemos começou a ser alterada em meados dos século 19 com o aparecimento em grande escala das industrias.
Estas industrias nessa altura, normalmente, instalaram-se nos grandes pólos populacionais onde tinham a tão necessária, para as suas actividades produtivas, mão de obra.
Conforme foi decorrendo o século e até aos nossos dias, dadas as melhorias das tecnologias de transporte e infraestruturas rodoviárias, as empresas começaram as deslocalizar-se.
Esta deslocalização deu-se numa 1ª fase dentro das fronteiras dos próprios países. No caso de Portugal, por exemplo, a grande maioria das industrias instaladas no inicio da era industrial na área do porto e arredores deslocalizaram-se para 50, 60, 70 quilómetros de distancia, locais como Famalicão, Braga, Guimarães, Paços de Ferreira.
E essa deslocalização deveu-se essencialmente a 2 factores, o 1º, já por mim indicado mais acima, da melhoria das condições rodoviárias e meios de transporte. E a 2ª devido à maior qualificação profissional e académica das populações dessas localidades mais industrializadas.
Explanando então essa questão da formação académica e profissional das populações, está à vista de todos que o facto de uma determinada grande franja da população estar durante um período largo de tempo - toda uma vida por vezes - permite as descendentes destes ter maiores probabilidades de acesso à educação, formação académica e profissional.
O grande contra desta melhoria de condições e conhecimentos é que estes descendentes, dos trabalhadores em questão, já não aceitam efectuar o mesmo tipo de trabalho pelo preço que era pago aos seus progenitores, ou até mesmo efectuar esse tipo de trabalho de todo, pretendendo, devido às qualificações técnicas, profissionais e academias que adquiriram salários conformes.
E basicamente isto provoca a deslocalização das industrias para terrenos ou áreas onde conseguem novamente obter o mesmo tipo de lucros por salários idênticos aos praticados com os progenitores, senão ainda inferiores aos destes.
Como penso que seja notório, este ciclo é vicioso, e está viciado, pois os filhos desses novos trabalhadores nesses novos terrenos/áreas irão também ter possibilidades, devido aos rendimentos obtidos com o trabalho dos país, de estudar e melhorar as suas condições académicas, técnicas e profissionais.
E este ciclo viciado da industrialização já se desenvolveu de tal forma desde o século XIX, através da constante melhoria das condições de transporte e de acessos existentes a nível mundial, que hoje em dia já não se deslocaliza uma fabrica do porto e arredores para Braga, Famalicão, Felgueiras ou Guimarães, mas deslocaliza-se sim para a China, Índia, indonésia, Paquistão, Tailândia. Locais onde hoje em dia as populações ainda são muito pouco instruídas a nível académico, técnico e profissionais, isto para além de serem zonas extremamente populosas, o que implica ainda um maior aproveitamento da "industria" para obter preços de fabrico substancialmente mais baixos.
Mas mesmo assim, os filhos desses graças ao trabalho dos seus progenitores irão estudar e formar-se academicamente.
Ao dar-se esse situação, obviamente um processo lento e moroso, os níveis de vida dessas regiões irão subir, os filhos dos trabalhadores actuais já formados a nível academico, técnico e porfissional já não irão aceitar trabalhar nas mesmas condições e pelos mesmos valores dos seus progenitores. E as empresas irão novamente deslocalizar-se. 1º para zonas mais interiores desses países asiáticos, posteriormente para África ou outras regiões ainda subdesenvolvidas do planeta terra.
Entretanto outras zonas do globo antigamente ricas empobrecem e as qualificações académicas, sociais e profissionais da maioria das populações dessas regiões diminui.
E esta diminuição deve-se tanto ao facto de por falta de emprego dos progenitores estes não terem condições para garantir a prossecução dos estudos aos seus filhos, tal como ao facto de os jovens ao não verem perspectivas de emprego a partir da obtenção de qualificações académicas/técnicas optam por outras vias para obter os rendimentos necessários as suas vidas por outras formas.
Este processo é muito lento, mas notório, e ao longo dos séculos 19 e 20 muito notório em grandes cidades dos Estados Unidos da América, como Detroit que era uma grande cidade industrial dos inícios da era industrial e hoje em dia é uma cidade empobrecida e decadente.
Essas cidades decadentes conseguem ainda nos dias de hoje sobreviver economicamente e em termos de empregabilidade em grande parte devido ao sector de serviços que tem. Sejam serviços de saúde, gabinetes contabilísticos, de advogados, restauração, actividades de lazer e comercio, entre mais alguns outros.
Permitindo assim aos grandes conglomerados populacionais a que damos o nome de cidades basicamente auto-sustentar-se economicamente com estes serviços. Mas, estando sempre dependentes, tal como as antigas cidades estado da idade média, do exterior para obter os produtos agrícolas, combustíveis, entre outros bens essenciais para o funcionamento do conglomerado populacional.
E, no meu entender, basicamente o mundo esta-se a tornar novamente num grande conceito de cidades estado em que existe a metrópole, e existem nos arredores da mesma os bens essenciais para a sobrevivência e/ou prosperidade da mesma. Tal como era na idade média na Europa, havendo nesse tempo sempre alturas em que lá apareciam uns mercadores vindos de fora para providenciar bens necessários as cidades estado desses tempo, que hoje em dia são os grandes produtores industriais dos países asiáticos.
Passando hoje em dia as áreas populacionais que não tem condições próximas da sua localização para a obtenção dos bens essenciais à sua sobrevivência e desenvolvimento por um decréscimo de condições e qualidade de vida. Um abaixamento de qualificações profissionais, academias e sociais dos seus habitantes.
E por fim uma degradação social, que a continuar, ira levar por certo a uma grande baixa de condições económico-sociais e académico-científicos em regiões por exemplo como a Europa e os Estados Unidos da América onde as populações tem os maiores níveis de instrução no planeta. Surgindo então estes grande condições sócio-económicas e académicas nas regiões hoje em dia em grande nível de industrialização.
Resta apenas saber se o processo irá ser tão lento que provoque que quando as grandes zonas industriais actuais, com enormes populações e grandes áreas territoriais, estiverem económica, académica e socialmente ao nível que os EUA e a Europa estão hoje em dia, a Europa e os EUA estejam ao nível social, académico e económicos que estes países maioritariamente asiáticos estão nos dias de hoje, ou como irão superar esta crescente decadência económico-social que se está a viver desde à quase uma década.